quarta-feira, 31 de julho de 2013

Ressonâncias

Foto: José Manchado

ressonâncias íntimas
ondula o verso
sob a pele, química

dos corpos
dois
inteiros
conjuntos lios

ressonâncias íntimas
mínimas
máximas
emergem lascívias

novas liras
entremeados dedos
nus
&
nós sem freios

 sussurros apaixonados

às vistas
deLirantes 
  excedem
     - declarações de amor

Joice Furtado 

terça-feira, 30 de julho de 2013

Palavrórios, não! Poema publicado em Vidráguas

Foto: Metin Demiralay

Recobro viço
dito
palavrório, não


ilusão, bem menos

há sonhos nos olhos
estampas de pétalas
e os matizes…


cor desperta
abre asas no céu
voa
antes lagarta era
e agora


cadê o caminho?
a passos curtos vai e
a pedra na estrada
também parte é
de alguma história
resolvida, um tanto
mas
e agora?


Fica o verso
queimando
nos dedos
seio e boca
alagares de mim mesma


deságua peito
— sensível
emociono evaporo
condenso e, de novo
precipito versos


quiçá farão alegres os anjos
leitores amorosos ou insanos
… que amem esta caçadora de sentidos


Joice Furtado

Leiam mais poemas em Vidráguas

Direção

Foto: Sam Haskins

Não quero o vácuo
triste mundo sem poesia

assoVia um pássaro
construindo ninho na via-
expressa

visto pensamento afável
cheio de pagas mazelas
— alguns dizem brega,  
     outros sensacional

É, mas dor-poeta
não é cega e muda
sanando feridas, ódios, amores
procura nova direção

A dor-poeta queima alma
chora
mundo sem flores (no coração)

Não quero o vácuo
absurdo mundo sem poesia

assovia um pássaro
  abro meus lábios também
 — salva-me o canto!

Joice Furtado 

Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo.
Fernando Pessoa

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Lançadeira

Foto: Tumblr

Espero-te
como parto
reparto horas
entre nós
das tramas, amor

fio
momentos teus
junto a este
cio meu
corpo suspenso

... em poesia 

quando a encontro
sorrio traços
beijo palavras
conjugo suores
os olhos chuviscam

como parto - volto - 
dou-me à luz
estas mãos em mim
passeiam versos

prazer, poeta
eis nossa conversa
lançada linha no espaço
mentes emaranham-se
lindas fazemos
paisagens campestres
com sonhos...
dependurados em cordel 
      — salpicos de estrelas
           poesias no céu

Joice Furtado 

terça-feira, 23 de julho de 2013

Choro - Poema publicado em Vidráguas

Foto: Web

choro porque minh’alma é rio
nasce
e renasce
dia após dia

e quando desaguo tristezas
na foz dos pensamentos
lançando frios
em meu habitat maior

vejo oceano misturado ao seio
sal íntimo
aqui onde a imensidão pertence-me
meu olhar alonga-se, espraia margens

choro
evaporando alegrias, subo ao céu
com as aves vívidas
bato asas no espaço — respiro

tanto rio, mar, sal e azul
molécula livre
desato corpo da forma
não mais pedra contra onda
sou em arco

-íris ao sol

simples menina que chora
ri
e nada
são as circunstâncias
apenas passageiras
— desembarcam na próxima estação

Joice Furtado 

Poema publicado em primeira mão no Site Vidráguas.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Girassóis

Foto: Cecelia Webber


Ainda não os plantei
girassóis
... em cada espaço
    poro
    pelo que me concerne
    a carne em lençóis suaves
    quando lágrima escorre
    de felicidade
    coração reverbera, pula
    sala, cozinha, banheiro
    ode-star
    dentro de mim
    esta poesia faz efeito
    e me pegou sim
    de jeito, meio bossa nova
    rock n' roll
    e um céu azul para completar
   

    o quanto amo
    com palavra e de
    corpAlma
    retiro-me da lama 
    afloro lírio, poético 
    transfigurar-me em ar
    renascer num gesto, traço
    naquela esquina do pensamento
    onde a palavra fugia
    Psiu! Vem cá!
    Me dá um beijo, amasso
    Tomemos uma cerveja!
   
    Ainda não os plantei
    girassóis
    ... como dizia a poeta
    pus-me a emendar, um verso
    juntando meu pano, pra manga
    alonga, alonga
    vá até perder de vista
    poesia
    contigo quero estar

    Ainda não os plantei
    - girassóis - 
    sei lá!
    hoje nasceram dentro de mim
    por vontade da palavra
   
    Joice Furtado 

“… ainda não plantei girassóis dentro de mim / permita que meu corpo siga adubo de si / me escorregue aonde vá / não me pare por aí / me leve, me guie.” 
(Vânia Lopez)

Inspirado em trecho do poema Estonteantemente sina de Vânia Lopez, lido no site Vidráguas

Poesia do Eriçar

Foto: Web
boca saliva
arrepio manhoso
é poesia

mãos desnudas
intrépidas fiadas
riçar versejo 

una um beijo 
só para harmonizar
corpo musica

Joice Furtado 

terça-feira, 16 de julho de 2013

A quem me late, amor

Foto: Anna Morozova 

dor latente 
navega os olhos
parte
dedos e mente

dor que singra
nus oceanos
quanto me lembro de ti
- dias de amor

respirando orvalhos
Eros em lavandas
rosas, delírios

  sou um rio e tu
  comporta
  solta-me aos caminhos 

  volta
  e meia, descubro poemas
  desponto deste interior

  sonha 
  - e sopra luzes ao longe
    irei contigo 
    em versos, todos sentidos

Joice Furtado 

segunda-feira, 15 de julho de 2013

No tempo em que tudo é poesia

Foto: Metin Demiralay
florido, o pé de assa-peixe
vira festa pras crianças
perfume no ar da manhã
quando a natureza levanta

é tanto zun zun zun
abelha no ramo floral
borboleta daqui e dali
mil sons em tom natural

brilham asas e sorrisos
aos gritos, a criançada 
zunzum de abelha assanhada
quantas brancas, miúdas pétalas

ao sol matutino
observo, olhos meninos
passar as horas no tempo
em que tudo é poesia 

vistoso assa-peixe
amigo das grandes árvores
irmão da mata
encanto é tua graça 

Joice Furtado 

Inspirado nos poemas de Joelma Bittencourt.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Nos braços do poema

Foto: Jeanloup Sieff

o poema despe-me
revira meu verso ao seu gosto
quando me entrego
nua estou em palavras
e vejo
os males foram embora
a tempo — sossego

sinto-o
avivo sentimento
nos braços do poema

Joice Furtado