quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Vestido de strass

 
Imagem: 2photo.ru 
(Arte final - Joice Furtado)

A tarde chega e as últimas luzes atravessam a janela para onde olho. Penso, questiono. Várias imagens passam por minha mente no exato momento, talvez nem tão exato, mas no momento quando enxergo a luz que toca meu rosto, luz essa, ainda morna. Ali, quando a mente divaga e parece que está vazia. Quando tudo que se quer torna-se diminuto diante da claridade radiante daquela esfera celeste entrando pelo vítreo. Magoo-me ante o que já foi e o que gostaria que fosse. Ridicularizo o pensamento anterior. Invento argumentos que justifiquem atitudes, volteio e volteio. Sou um bambolê! Sorrio agora. Eu imaginativa estou presente. Multiplico alegrias ainda que a matemática não seja minha amiga. Divido com milhares algo de mim, esse que julgo ser bom, porém há muitos que discordam dessa interpretação, "muitos" que não me mostram um ínfimo sequer para desaprovar o que vem da maioria. Paro com sandices! Tolices demais me deixam zonza. Olho para a janela. A tarde chega e com ela o vazio que se evapora quando surge a noite, esperança de um novo ciclo, quando a lua desabotoa o elegante vestido negro com strasses os quais são estrelas inventadas pelos homens. Aqui o estro, mais que cio, mais que fome, apetite voraz percorrendo todos os nervos. De continente a continente, a fúria poética corre, discorre seus clamores e canta... palavras diferentes a cada renascer do corpo. Células vermelhas -  luas cheias, contudo tão novas.

Joice Furtado - 26/12/2012

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