quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Peninsular

Imagem: Braldt Bralds 
Mas quando chega a tarde
à tarde
invade-me a falta
tua falta 
minha absolvição

via de regra
despedacei algumas
algemas
regrado estou
um coração
sangrante

assim, quando chega a tarde
maré baixa
vem-me aquela mágoa
àquela
levando aos teus braços
colo amigo
sinto o perigo 
de me olvidares 

[ procuro teus olhos 
admirando a onda
quebrando na praia 

não são os meus
olhos de ressaca
que a desestimulam? Contesto! ]

Península sou
e quando chega a tarde
o sol alcanço
ele me olha acabrunhado
até laranja fica
estou aqui, uma íntima
centelha chora

... guardo-a no peito a cada instante

toco o mar
- toca-me Amor - 
profundamente
quando chega à tarde
em meus olhos, em meus olhos

Joice Furtado - 31/10/2012

Eu e essa paixão pelo mar. Devo ouvir o canto da sereia. Ela me chama sempre. =)

3 comentários:

Marli Terezinha Andrucho Boldori disse...

Joice,seu poema é muito cativante.Remete-nos a distância, porém mais perto de Deus.Você como poeta tem o poder de inebriar as almas que estão á espera de amor.Muito lindo! Um grande abraço!

Jeferson Cardoso disse...

Penso que para escrever de maneira tão doce e tocada é necessário estar rasgado no peito e sangrando um pouco, voluntariamente, ainda que se negue o voluntarismo da ação. Não sou assim. Vivo bem, mas custo a verter sangue, não faço poesia, quase nunca. Joice Furtado, a propósito, por acaso, quer ver uma situação moral delicada na vida?>>> O http://jefhcardoso.blogspot.com anseia por um comentário de sua parte. Abraço!

O Profeta disse...

Inventei a ironia numa toada de vento
Roubei as asas a uma gaivota azul
Colei-lhes um poema cheio de penas
E enviei-o para uma tonta do sul

Inventei um mar numa bola de sabão
Roubei uma corda forte e boa
Atei um rol de mágoa à mesma
E afoguei-as nas águas de uma lagoa

Bom fim de semana


Doce beijo