sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Magoadas rimas

Foto: Dan Mountford

Deixo que escondas teu verso
naquele canto sozinho
um relicário 
lembra com suspiros doces
tempo em que eras mais 

Lançaste por baixo dos panos
sob o poá de um vestido antigo
puídas e magoadas frases choram 
vergonha que tiveste delas jovens
vibrando o frescor de anelos
loucos segredos umidificando trechos
embalados com a música lacrimal
amor verdadeiro

Deixo que a traça engorde a pança
covardia plena é a que te sobraça
ais teus sobre a cama fogosa
agora lamentam desgostosos finais

O tempo que não se intimida 
guarida deu ao conservador engano
sentenciando apontou o dedo ao rosto
teu é o grande dano

As linhas agora cheiram mofo
exalam aquela fragrância nefanda
enfestando escuro quarto e cortinas
por toda parte 
por toda Arte
que te negaste a entregar
não era tua
era paixão nua
exposta melodia do Universo
guardaste o eco
encalacrando o confiado 
mataste mil mundos
por achar-te errado
... sepultaste a alma apaixonada daquela vivaz Poesia

Joice Furtado - 02/10/2012

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