terça-feira, 7 de agosto de 2012

Calamidades interiores


Aos solavancos vai
arremedo só desmaia
levanta a calça, olhai
a lama os pés resvala

que valha, a mais-valia
quietude

revela mimada obsessão
dos males o mais caro
brinquedo de cordas

apertam-te o miolo-botão

então grita todo este desvario
suicídio pouco é bobagem
o próprio por séculos e séculos
chafurdava na mesma lavagem
enquanto te achegas ao portão
síncope do inferno-paraíso

segure a calça em meio a lama
cuidado que não caia

os vermes amam os suicidas
bananas-carameladas
evocam Hades e o beijam
as faces na alvorara
da alma-besta-fera corrompida

dos males o pior
Desamar o amor a Vida.

*

E daí que somos imperfeitos? Essa é a magnitude de estar vivo. Saber que em um ser imperfeito habita todas as possibilidades, todo universo multíplice. É um equilíbrio de luz e sombra. Caminhamos em direção a mudança, quer desejemos ela ou não, ela vem. Levamos conosco calamidades, tragédias, tristezas, dores, também, alegrias, carinho, amizade, Perdão. Enquanto o mundo supervaloriza os filmes de tragédias, prenúncios de cataclismos, todo esse esgoto rescende o cheiro fétido que penetra no corpo dos próprios adoradores do caos. Deveríamos evoluir e não involuir.

Joice Furtado - 07/08/2012

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