Imagem: Surreal Photo Manipulation
dia quente de doera alma do asfalto exala
hálito do dia
borracha de pneu queimado
óleo diesel e gasolina
evapora dos tanques adúlteros
errados trocos de volta
pelas esquinas - bocas de lobo
vorazes cheirando cerveja choca
urinam nos postes cachorros-homens
de areia despencam prédios armados
concretos de ostras passadas loucos
por falsas licitações na enxurrada
que cobre as avenidas Cidade
maravilha quarenta graus
Moradores de rua e suas cobertas
vultos desaparecem na penumbra
capas de pano sensivelmente ralas
cobrem a consciência ou não
frutos da caridade massificadora
pela miséria e destruição imparcial
do povo humilde
grana, sempre a grana, mais grana
drogas e poder de mando
escorregam as casas do desandado
morro de vergonha
metralhada a esperança de vida melhor
alavancar a vida em troca recebem
infortúnios e desonras
muitos lados da falsa moeda
com a qual ocorre a compra
usufruindo privilégios a custa
dos assalariados trabalhadores
ascensão do carregador-de-mala
sacana e falastrão
em seus trajes existencialistas
deitando na própria merda
degustando nacos de lama
do desespero gasoso
erro putrefatório do ar nas narinas
seviciando a mente dos ambulantes
catadores de papel, executivos
jornaleiros e taxistas
Ao raio que partiu
ao meio dia a canícula
de cachaça e marmita
azeda no capo de Brasília
virando a rua entre Cacha-prego
e a cochinchina desse lugar
nada imaginário chamado de
terra Brasil
Joice Furtado - 27/07/2012
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