Minhas ganas do teu corpo
louco
sussurro rouco meu desejo
louco
estremeço ao arfar teu gemo
louco
não há juízo bastante ou pouco-
louco
que sou por teus ardentes beijos
louco
invado teu domicílio em desassossego
louco
conto ao mundo os segredos ocultos tão
louco
rasgo o peito converto-me em pássaro e voo
louco
ao espaço de nós apegados um no outro
louco
apaixonado, abrasado e cheio do zelo
louco
mente, corpo e coração
louco
em ondas paranoicas atravesso o oceano
louco
no degredo avisto a terra-mãe e choro
louco
com esse amor queimando minha alma, tão inútil
louco
sou refém da caverna úmida de encanto voluptuoso
louco
prossigo, invernos e primaveras, tornei-me bicho-fera
no sereno, na tormenta, nos charcos, na floresta
fora de mim, tão dentro do universo suspenso
pelos raios, ventos, trovões em tempestades
sou vivo-morto, um todo, metade-ignoto, transformado
enquanto persigo a tua indecência, excremento torno-me
universo de estopa vazio quando me enches o anseio persisto
[em ser
louco
para sempre
... ou até a devoção passar
Joice Furtado - 31/07/2012
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