quinta-feira, 31 de maio de 2012

Perfume




O perfume, sossego
a calma de ser
estar comigo mesmo

aprender a mim
desaprendendo-me

fazendo uma paisagem
com olhos de amor
enxergo
pinto o quadro poético
democratizando um país

coração em maravilhas

contro-verso em versos
a rosa é tão bela
tanto quanto

ainda que hajam espinhos esparsos
hei de correr, voar

pelo caminho

asas mais consistentes não há

Joice Furtado - 31/05/2012

Delinear-te


Íris colorida revela
delineio teu corpo
rica filigrana


cabelos debruçados sobre mim


ouro meu
tesouro escondido
entre todos toques
trocados sonhos
corpo rendido


a ti
aos teus encantos mil
milhares de voos
estrelas
desvendo no cio
das flores úmidas


orvalhada calma
redesenho o contorno
traçado pelas palmas
línguas de delicadeza
extrema


extremados nós
extensos dizeres
retidos sós


não ficarão


*


sol na alvorada
da vida ao acaso
ocaso de mim
és 


Entrega desejo quiçá
arranca versos do peito
enfim mos dá


revelar-te-ei


o escondido, as nuvens
caminham em procissões
contigo eu vou
suspiroso em meu peito
afagado, de-lirante
amor


Joice Furtado - 31/05/2012

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Cacos


Caco de telha
quebradas vidas
amontoam-se

pedras e pedregulhos

Na beira do abismo
tudo ou nada
ganhar ou perder emoção

Isola o recado
expõe o sentido
des-trincha
que pinta essa mão

na combuca das idolatrias
dos ódios, por-menores
portentosas porfias

ri-se como relincham 
os asnos no pasto
pobre do podre coração

infeccionado
pustulentos entre puseres
palavras em retílineas desgraças

impávidos pavões
oras! bolas de vento
cheios do caloroso ar
estúpida mente vadia

eis que nada somos

quanto mais se compreende
os dizeres ouvintes
melhor

Joice Furtado - 30/05/2012

Pétalas

Conte teus versos
paixão verossímil
revelam-me travessos

simples re-versos
vejo-os
tão bem arrumados
dispostos

corações


*
Debruçada rosa sobre a terra fértil, pétalas harmônicas de alegria.

Joice Furtado - 30/05/2012

Asfixia



Eco, Eco
ressoam no vale úmido
delírios pelo Narciso

idolatrado mendigo
reais atmosferas

Pan, o convidado
ferino estripador 

Silêncio
o lago encara, falsário
plácido engano

afagando com palavras
cardos se afiam
destra língua

doble

fumaça asfixiante
paralisia
quanto delira
roubador e ladrão, trama
podre caminho

comendo órbitas
revirando a merda
ossos atirados aos cães
entulho mesquinho

Joice Furtado - 30/05/2012

Raro-efeito

Quisera ser
átomo metamorfósico
transformando o sórdido
mundo
em mais que opinião


disparar meus raios
mudar os rumores
transformá-los, ou melhor


ligeiramente
mente salva-
guardar-nos das idiotices


Quisera ser super
heróis ou anti-opressivos


voar entre as estrelas
junto aos clássicos
cometas
mais que o óbvio
dessa era


inegávelmente ordinária


Super-ser
Super entre os superares
mágoas e frustrações


Quisera contar
e recontar
e contar novamente


dizer o que não disse
e até mais eu gostaria
ficar calada
só assim
somente sozinha
olhando as flores
na beira da estrada


e os espinhos?
desses jamais abrir mão
com as palmas abertas
e espetadas


O sangue que escorre
rarefaz nesse chão
pisado

*
Que poder um homem/mulher pode suportar sem se envaidecer?

Joice Furtado - 30/05/2012

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Aqueronte

Ela espreita
com garras de aço
gélidas


sombra entre os arbustos
nas multidões
espera


maquina, amassa o pão
rouba a esperança
enfraquece o pobre


forte ou fraco
também o rico em seu coração


transeuntes não a vêem
não a notam e ela ruge
cumprindo o seu papel


saliva, salteia, saltérios


toca atravessando o rio
Aqueronte e suas corredeiras


Sopra o vento leste
sul, oeste e norte
de todos os cantos da Terra
onde há dor, mesmo que não haja
levará


Misérias, destruição, desagravos
A morte em todos os casos
desarmoniza


quando não coopera
para o bem, só
como o reciclar da natureza
onde renova-Vida

Joice Furtado - 28/05/2012

E a Vida supera a morte. Os sonhos, os desejos, a alegria e até tristezas; exalte os bons sentimentos, viva-os, leve-os consigo em cada momento da sua existência.

***
Encarar a morte como passagem é para poucas pessoas. Na realidade, ela sempre será a forma mais dura que a natureza tem de nos mostrar o seu poderio, os ciclos inquebráveis do universo.

domingo, 27 de maio de 2012

Há sempre que se lutar


Não saiam de banda gurizada
Hoje é dia de roda
na poeira

um salto, meio-mortal
voadeira

Meia volta, volta e meia
gira o mundo

debaixo do calcanhar das gentes
agradeça ao que és

vira a volta, volta e meia
são os ideais a nos guiar
auto-falantes na cabeça

é a vida acontecendo
embaixo da soleira
dos nossos humanos, 
estranhos, egoístas, apaixonados, 
corajosos e até covardes

porém
ainda-humanos
sonhadores pés

O mundo de hoje perdeu a inocência, perdeu sua capacidade de enxergar a si mesmo e ao outro e valorizar.

Joice Furtado - 27/05/2012

sábado, 26 de maio de 2012

Lírios




Dá-me teus lírios
os meus eu lhe dou
prazer

linhas finas num grito
ressonante onda
percorre os pelos
as extremidades 
em concha

estrada de vida
d'lírios em volta
o ronrronar da cama
acende o sol 

e me molha tua chuva
estremeço

assim eu plena
por ti enfeitada 
de-lírios

Joice Furtado - 26/05/2012

Praiana




Bordas da praia de mar azul
Capitão e timoneiro eu sou
do barco fantástico
Litoral, meu amor

Eleito
enlaçado nas voltas
cordão de pérolas
brancas 
quão claras areias
sereia bonita

envolveste-me
apaixonado estou
nas lembranças, retina
fotográfica linha 
desse olhar

constrangido, contraponto
contra as mágoas eu vou
contigo a me guiar
na boca, na alma, calor
beijos
de ar e sol, água e sal


universal tesouro

dos mares azuis 
bordas praianas meu sonho
amante lugar


Saudades imensas de Arraial do Cabo - Litoral do Rio de Janeiro

Joice Furtado - 26/05/2012

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Vivaz


Deságuas amante mar
peito arfante

noite e dia

desejo
sê-lo por mil eras
enxergá-la viscissitude
vivazes ondas 
com paixão entregas

e as aguardo, recebo
levo-as atadas
fitas de um laço irrompível
delirante no peito

Amor

Joice Furtado - 25/05/2012

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Super-nova



Como o tilintar de mil guizos
bodes famintos nas montanhas
brasis
Fantasmagórico som
esse com que me diz
suas inflações
frustrados movimentos

dor na alma duradoura
causa do ser infeliz
fazendo do outro algoz
aponta seu próprio nariz

Somos todos, simples sós


Cem milhares de cabeças pensantes
muitas não
algumas cheias de nós, vazias
apertando amarras

um nada na multidão libidinosa
um muito a beira da cova
para onde vão os tais

Para onde?
de quantos me vêm a nova
super
estrela?

Canto as besteiras
melhor que as subverter
em linhas implícitas ridículas
é que loucura, essa sim
não se pode conter, jamais

Audácia! Ela se rebela
e permeia
todo e qualquer obstáculo

Joice Furtado - 24/05/2012

Arrasto



Pescador dos estofos
restolhos no barco
lustroso boné paraguaio
maneiro saiu a lidar


Lança a rede sebenta
arrasto do sujo prazer
tamanha ilustração
surpreende os olhos


esfregue essas retinas


corpo de mulher, traseira de quimera
das bordas do oceano
dama ou fera 


metades


Rasgou-lhe a cauda, óh sereia
lado que permeia
do solo a estratosfera 


Atravessadas as escamas brilhantes
pescador
descobriu os segredos do mar


Joice Furtado - 24/05/2012

Ancestral


Nascido na luz
moldado barro cru
totalmente despido
das incógnitas bandidas
falso moralismo

Homem de todos 
verdadeiros poucos
Homem de muitos
pensares
estrategistas ou vigaristas

amando os ares
taciturnos, nebulosos espantos
abrace o sangue
beije os demônios amigos 
feridas pustulentas e nódoas 

figuram 
nos mais-queridos

Há que se desprezar
o fingido, o venéreo
doença maldita dos infernos
feiura da alma
amarga o fel da desonra

e cai, cai do pedestal 
caindo até o todo ridículo
contudo idêntico ancestral

Joice Furtado - 24/05/2012

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Eros-e-ótico



Quero a tua dádiva
presente cobiçado
arrepio em forma de corpo
formando constelações
peito embriagado

Quero tua semente
ais em acordes solenes
um tanto mais

Rasgos de fera faminta
que arrisca, arrisca
e sabe o que quer

Ser tua, despida a lua
dos prazeres existenciais
o quanto mais

Da natureza humana
verídica sem meios-termos
embrenharmo-nos em desassossegos
madrugais

Quero e ainda é pouco
o querer que me faz louco
reconstruindo os finais
episódios clássicos, linhas e meios
'estrondótico' capítulo
nosso

erotizado sim
eroticamente no eu envolvido 
esse vai-vem de palavras
sussurrados delírios

Joice Furtado - 23/05/2012

terça-feira, 22 de maio de 2012

O espinho da laranjeira




A dor que me desatina
é dor-menina
cheia de manha

Espinho de laranjeira adulta
natureza abrupta
arranha pra ameaçar

Leite azedo, pão bolorento
Raios paridos nesse intento
não sabe o que é estar
e viver 
consciente de si mesmo

Eu espalhador dos ventos
boca suja dos infernos
alma boa quer chorar
e matar também

mato-a dor, meu desagravo
piso em sua cabeça
como se esmagam os ratos

esmigalho os truques
baixos chorumes renego
depois me banho no mar

na calmaria que me toma depois que o expresso
belo-louco pensamento

Joice Furtado - 22/05/2012

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Ao abrir da porta



Recolhe as tuas rosas
as roupas do armário
tudo que de ti sobra
aqui

Recolhe o teu orgulho
ferido
Machucado homem-banido
dos amores e olhos
meus

Recolhe ainda os calores
suares e perfumes 
as marcas da alma
os veios na pele
corrediças breves
paixão e seus negrumes

as nuvens e a melancolia
levas contigo todo dia
eu enfim me levarei
recolhendo os pedaços
no frasco inexato
juntarei

As medidas, as alegrias
tudo que vale na vida
são minhas hoje em diante
Sem mais ou menos palavras

Por fim as conquistei

Joice Furtado - 21/05/2012

domingo, 20 de maio de 2012

Violetas




O meu olhar se perde
e eu sei
onde vão esses desatinos
onde vão os meus eus
dramaticamente vividos

O meu olhar se perde 
na imensidão de mim mesmo
vagueio como ave e transcrevo
meus eus no finito enredo

florido 

Cada mínima gota do orvalho
obrando na pele violenta
violetas brotam em canção
estarei a sua espera 

sonho querido

Joice Furtado - 20/05/2012

Cafeína




O poeta é um louco
ainda assim
cai-lhe bem o desatino

passear por tantas eras
descobrir-se
rei, sacerdote, homem-menino

O amanhecer da mente lhe pertence
alerta 
a você e o próximo
cafeína rompendo o sono

cáustico das multidões
poeta

Admire as tribulações
elas o conduzirão
a mais caminhos entrecortados
pulsantes no coração
sedento!

Joice Furtado - 20/05/2012

sábado, 19 de maio de 2012

Aflorando




Quando a pele queima
os desejos falam
quero suas mãos deixando-me calma
o suar da noite, tarde e alvorada
fazendo por completo, excitado
o gozo sair da alma

ao toque do pulsante e rijo
latente, vibrante, atrativo 
Prazer e forma 
por ver em fogo seus traços, a cor
afloram os lugares escondidos
despi-lo dos preceitos, desafiá-lo
diletos incensos
nossos jogos de amor

Bocas entrecortadas por beijos
cheiros alucinantes no ar

espalhados pelas cobertas, cama 
quarto, cantos da casa, banheiro
impregnados nos poros 
cada partícula mínima
fértil e sedutor inspirar

Fragrância

roçando e queimando o calor
deglutir seus ardores esperados
fluidez orgástica 
reinante, governadora do todo
plenitude magna, original delirar

Baseado no poema "Desejos" de Manollo Ferreira

Joice Furtado - 19/05/2012

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Trames



Olhos de serpente
Boca de donzela
Dama das meias-noites
Afamada 
Cio das cadelas

de rua, de luminárias
quebradas dançam nuas
suas ancas em balanços
orgásticos mantos
na penumbra severa

transes de trançadas pernas
alcóolicas lendas
histórias infames
entoadas despidas do alto
amaldiçoados no baixo trame

Atirem-se aos vexames!

bundas caídas
vis pusilânimes

Ainda que o mundo gire
com ele todas as emendas
os esgotos e ratos-humanos
subjugando serão de seu paraíso
sempre
Reis de merda

Joice Furtado - 18/05/2012

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Imaginável esfera


Cavalos de fogo
Com mil trotes passados
troteia em minha mente

Você que me seduz
pétalas imperfeitas 

Pensava no lampejo sacro
claro vem ao meu ouvido
com profanos a induz

Nada de Aves minha quimera
conta somente os belos dias
rondas noturnas no jardim
plena
só a você coube a primavera
minha

Contemple o líquido Universo
beleza nos olhos
ressaca ou mistérios

Se me corta as lágrimas
dos terços aos termos
eu lhe encontraria
em muitas imaginárias esferas

Ainda que fosse meu monastério
eu nada-raro homem
de prazeres enfim
alegremente viveria

Joice Furtado - 17/05/2012

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Ecoando



Deveras não sou tão romântica
nem expressiva ou coisa assim
perdi-me das flores na infância
hoje as vejo e elas seguem
alheias
quando passo pelo jardim

Meu cabelo não-alisado
a química que bebe é pouca
econômicos shampoos baratos

Economizar não é arte, tendência natural
maléfica
dessa atualidade

Cresci numa ânsia louca
De ser grande, grande ser
da comida, da grana, da casa
nada enfim faltou, mas pouca
coisa não se pode acrescer

Aprendi com a vida e ela
ela se desorienta comigo
Até os profissionais perderam
ante a esse ser resumindo-ou
constantemente faminto

Leão na floresta de pedra
finitinha selva do vale
cadê a minha pérola?
Troça de mim, bem sabe
E eu ainda a amo
Cidade

Pra quem me deu um tapa
Não o lamento 
Minha face não é lata
mas ecoo em seu

Conheço bem o sofrimento
Rio-me, gargalho
Perto está o meu momento

É a hora do novo... Uni-verso

Joice Furtado - 16/05/2012

Terra da fantasia


O quarto quente respira
feromônios em lençóis suados
erguem-se nuvens sensoriais
atravessam controverso cenário 

A luminária torta é só um detalhe

Escrachado no-puro
talvez usassem as palavras certas
impregnadas por incertezas trêmulas
Nada mais

Ecoa o prédio
do silêncio ao tumulto
não há mortos nesse templo
fundidos afogados vultos

Agitando as malhas proliferam
trovões 
aí vem a tempestade
aspergindo euforia, vasos carnais

Bocas e assoalhos
chocam-se os átomos
arrepios e talhos no caminho
coloridos de esmalte vermelho

raios e pressões
estridentes extenuados
diversos gargalos e bebidas
O secreto nem tanto vale 
quando se vale, quanto,
da terra da fantasia 

Joice Furtado - 16/05/2012

terça-feira, 15 de maio de 2012

Espelho da alma



Tarde chuvosa, despedi-me do livro 
intensa, olhei-o como a um irmão, amigo
adeus ressentido, esse que dói no peito


Deveras quis levá-lo de volta
carregá-lo comigo, embalá-lo nos braços
fazer seus os meus segredos e os dele
todos já bem enternecidos


Da prateleira empoeirada, companheiros
saudavam-lhe o regresso ao lar mortal
pois quê imortais são suas palavras
estampadas, tingidas em cores não vistas
reluzentes dançam, vivas há no plano astral


Ao olhar a minha volta
um último adeus ao meu amigo
sorrindo compassivo ainda me disse: 
Vá em paz, estarei contigo!


Ao terminar de ler o livro Espelhos da Alma - Kahlil Gibran

Joice Furtado - 15/05/2012

Rio menino



Vens serpenteando a Serra
cristalino, ligeiro menino
brincando de esconde-esconde
pique-pega na paisagem 
atlântica mata ciliar 
sorriem ipês às tuas margens


Paraitinga e Paraibuna
meus pais, irmãos de luta
embalaram-me no berço
Sou filho do apóstolo
do ouro e do café 
São Paulo, Minas e Rio
em mim surgiu a fé
Aparecida


Navegável eu era
esplendoroso pelos vales
caminho de chegada e partida
corredeiras, declives e subidas


Um mar ruim diz o tupi
chora a flora, chora a fauna
hidrelétricas proliferaram
as águas transpostas 
para a sede matar - Capital
dor aqui e ali, poluição
já os peixes não dançam nas águas
chorando definha o coração


Minha pátria amada
Não és gentil
dou-te amor, líquido da vida
Agora não bailo, não canto
derramas fel em meu quadril


Atolado em metais pesados
inseticidas, esgotos e poluentes
arrasto-me, sufoco-me, desfaleço
nas ensebadas águas correntes


Esperança e tristeza estão juntas
das minhas margens continuo a busca
sem nunca as encontrar
Sou guerreiro quase vencido
meus olhos rebrilham ao ver meu rei
O grande mar


Ai de mim que sou Paraíba
nasci ruim, morrendo eu vou
amargosa a minha sina


***********


Minha Barra do Piraí
mataste-me em prol do progresso
Estou indo, desapareço
bebes os meus amargores
e ficas aí a fingir, des-plante,
que tudo em ti serão flores


Joice Furtado - 15/05/2012

Poema inspirado no "Velho Chico" do amigo Manollo Ferreira 

Fontes de pesquisa:

http://www.jendiroba.com.br/downloads/faap_rio.paraibado.sul.pdf
http://www.inea.rj.gov.br/fma/bacia-rio-paraiba-sul.asp

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Atrativo


Noite de lua
ressaca no mar
mar-e-lua beijando-lhe
nua amar

Simbiótica
União harmônica
força e melodia
ainda que a praia assolem
ondas
espumas bailam na calmaria

Olhos seus
fúria e mistério presentes
arrebatam no peito
marés de outono

Movimentos atrativos
gravitacionais
ode aos encontros
desenvolvidos sonhos
plenos
nosso amante cais

Joice Furtado - 14/05/2012


O que plantamos?





Considero tamanhos desagravos:


não amar, desamar, mal-amar, amar-o-mal, vivendo como o tal des-andar e assim permanecer, sem nunca saber o verdadeiro significado do amor, simplesmente o negar.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

O bosque dos sonhos



No bosque dos sonhos
árvores luziam estrelas
os deuses
com olhos rasos diziam
conservemos enfim honrada
a mágica e rara beleza

No bosque dos olhos
folhas de cristal pingam
orvalho cálido da noite
enquanto vaga-lumes pomposos
dançam a música das eras

No bosque à meia noite
sopram os ventos mornos
entre brumas como açoite

Os seres celestes cantam
trazendo do céu romaria
para ver o bosque, regozijo
contemplar tamanha alegria

No bosque de insondáveis anos
milhares de histórias e lendas
derrubarão quimeras das árvores
impelidas tristezas
aos quais aprendizado reserva

Nesse lugar esconderijo
recolhem-se florais minúcias
paixão e delicadeza
mimos das ninfas selvagens
zelosas da natureza

No bosque luzente, repare
os sonhos em correnteza cíclica
navegando pelo rio crescente
os homens-amantes da vida

Amada vida

Joice Furtado - 11/05/2012

Rastejante



Perigosa
danosa e tolamente atrevida
carrega um rei sobre as costas
escorpiões em ninho à barriga

Sob o hábito santo
qualquer esquina
habituada ao disse-me-disse
Sabe que é profana
profanadora língua ferina

compõe a sua sandice

Perpétua, a louca
maria-vai-com-as-outras
esbanja desassossegos
inegável mente frouxa
bolinando no escuro 
seus incultos segredos

mete a mão na cartola
falsária
é a hora da mágica
meia noite virará
o que deveras sempre fora

Cobra!

Joice Furtado - 11/05/2012